segunda-feira, 25 de março de 2013
aumentar a qualidade da construção
O preço final de qualquer empreendimento vai dizer se ele será viável ou não. Isto se constitui ainda mais decisivo para o consumidor individual, ou pequeno construtor, pois não há espaço para margens de erro. Acredito que muitas lições sobre melhorias de projeto e seu custo final, além do operacional, podem ser encontradas em construções direcionadas ao setor de baixa renda tanto no Brasil como no exterior. Tais projetos não querem dizer que são de baixa performance.As novas normas de desempenho a entrarem em vigor, são consideradas exigentes pelo mercado nacional, mas são baseadas nos requisitos mínimos de normas semelhantes da Europa.
Conheço o perfil dos meus clientes no país, sei que ele é avesso à idéias que em outros lugares são tidas como razoáveis e aplicáveis.Nada de fazer arquitetura com pneus velhos, terra batida e material reciclado como fazem os arquitetos do documentário " Garbage Warrior", por mais que seja justificados os ganhos em qualidade espacial, economia de energia, água e alimentos.
Uma fórmula que tem tido sucesso no país é a alvenaria estrutural, pois há economia nas peças de concreto armado, revestimentos, desperdício reduzido, menor número de operários e boa qualidade do resultado final. Porém, há que se dominar muito bem a técnica construtiva, e os operários deverão ser treinados, ou então contar com um projeto executivo muito bem feito e acompanhamento rigoroso, sobretudo com cronograma físico financeiro.
Sei que a edificação pode deixar de ser um gargalo financeiro ( tanto na construção como nos custos operacionais) e se tornar uma aliada na economia e melhoria da qualidade de vida de seus usuários.Alguns sistemas poderão se pagar conforme a economia é atingida, e reduzir os custos operacionais da edificação:
Reúso de água da chuva, através de um sistema de caixa dágua determinada a recolher a água da chuva, e utilizá-la para regar o jardim, lavar a calçada ou o carro ( adotar filtro para conter impurezas, afim de que pedriscos e poeira na água arranhem a pintura automotiva e vidros);
Adoção de painel solar fotovoltaico para obtenção de água quente, ou em casos mais audaciosos para padrões brasileiros, realizar uma instalação para obtenção de energia solar para total dependência do sol, e viver desligado da rede elétrica. A gestão eficaz de energia é o pilar para uma boa redução do custo operacional da edificação.
Particularmente, penso em adotar tal medida na futura construção da minha residência;
Adoção de medidas de coleta seletiva do lixo, e realização de compostagem de dejetos orgânicos. Essa é a medida que impacta menos na economia dos custos operacionais, mas os ganhos ambientais são perceptíveis ao se focar o longo prazo, e ganhos ambientais ao se reduzir o lixo que seria destinado aos aterros.
Utilização de área livre no lote para cultivo de hortas ou pequenos pomares para contribuir com redução de custos com alimentação. Ajuda no micro clima,e na saúde familiar.
Tais medidas se percebem no longo prazo, mas começam na fase de projeto. Não há dúvidas que o conceito desta moradia exigirá um comprometimento do usuário: vai ter de vigiar seus hábitos, mexer na terra e ser um bom cuidador de si e de seu patrimônio.
Construção Justa
Com o aquecimento econômico brasileiro nos últimos anos, criou-se uma expectativa de que o mercado de construção civil
entraria em novos patamares de clientela, qualidade, e preço.Mas as construções disponíveis ainda não atingiram a contento a classe menos favorecia, a prova é a persistente existência de favelas, para não dizer também, de moradores de rua.claro que o dilema abrange um trabalho conjunto de vários setores governamentais, mas meu foco aqui é construção civil.
O que vejo, são construções super inflacionadas, que contrariando as leis de oferta e procura, estão cada vez mais caras, mesmo com o número de empreendimentos entregues estarem acima do então habitual.Também vejo, e isso não é novidade nenhuma, projetos e construções que apesar do preço, não atendem as necessidades do morador, somente as do empreendedor, ao utilizar materiais, dimensões e técnicas construtivas mais viáveis economicamente.
Como arquiteto, sei que é possível realizar empreendimentos que podem custar 30% menos, no mínimo, com um bom projeto, evitando desperdício em obras, realizando um bom cronograma físico e financeiro. Ainda me preocupo com a futura redução de custos operacionais, tópico que nem de longe passa pelas reuniões decisórias de executivos de construtoras e nem de muitos arquitetos e engenheiros.
Ficando atrás de um computador realizando somente projetos, dificilmente poderei mudar a realidade presente. Acho uma dureza ver alguém embarcando numa dívida a ser paga pelos próximos 30 anos. Em suma, creio que as construções possam ser melhores: mais baratas, bonitas, justas.
Assim sendo, meu intuito é me tornar um empreiteiro de obras residenciais, afim de ter todo o controle, sobretudo no preço final de meus empreendimentos, para que a economia feita em projetos, processos, compras e canteiro de obras,seja revertido ao cliente.Admito que administrar a burocracia, administrar pessoal e sobretudo, o dinheiro do cliente não será tarefa fácil, mas não há como mudar a realidade de preços abusivos e baixa qualidade das construções em geral, se não houver um maior comprometimento. No pior das hipóteses, me tornarei um arquiteto melhor, com noções mais sólidas de gestão e mercado.
À medida que os acontecimentos se desenrolarem, postarei o andamentos dos mesmos por aqui, para que possa ser útil a qualquer interessado.
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